Bypass Gástrico (gastroplastia com desvio intestinal em “Y de Roux”)
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, o BYPASS GÁSTRICO ou gastroplastia “Y de Roux” é a modalidade mais praticada no Brasil e representa cerca de 75% de todas as cirurgias bariátricas realizadas. É um procedimento seguro e com resultados consistentes e sustentáveis em longo prazo, sendo considerado pelos cirurgiões como o “padrão ouro” da cirurgia bariátrica.
A cirurgia divide o estômago em duas partes através de um “grampeamento cirúrgico”: Na parte maior, será mantida toda a vascularização, e ficará excluída do trânsito alimentar; na outra parte menor passará o alimento, mantendo cerca de 30 cc. É feito um pequeno desvio no intestino na sua porção inicial, alterando a trajetória do alimento pelo trato digestivo.
Essa alteração permite que os fluidos digestivos atendam aos alimentos ingeridos, permitindo a quebra e absorção de nutrientes. A distância entre as duas conexões pode variar de acordo com a preferência do cirurgião, mas geralmente é de 50 a 150 cm. O objetivo é levar o alimento mais rapidamente ao final do intestino delgado, onde alguns outros hormônios serão estimulados e produzidos, levando à saciedade precoce e aumento do gasto energético, o que contribui para a perda de peso.
O desvio gástrico funciona por vários mecanismos. A bolsa estomacal recém-criada é consideravelmente menor e facilita refeições significativamente menores, o que se traduz em menos calorias consumidas. Além disso, como há menos digestão dos alimentos pela bolsa menor do estômago, há também menor absorção de calorias e nutrientes.
A técnica, portanto, ao redirecionar o fluxo de alimentos produz alterações nos hormônios intestinais que promovem a saciedade, suprimem a fome e revertem um dos principais mecanismos pelos quais a obesidade induz: o diabetes tipo 2. também menor absorção de calorias e nutrientes.
SLEEVE (gastrectomia vertical ou gastrectomia em manga)
O SLEEVE (gastrectomia vertical ou gastrectomia em manga) é um método cirúrgico para tratamento da obesidade, realizado por videolaparoscopia (pequenas incisões), que oferece ótimos resultados em termos de perda de peso.
O procedimento é considerado restritivo e metabólico e nele o estômago é transformado em um tubo, com capacidade de 100 a 150 mililitros (ml). A técnica tem como principal objetivo alterar a anatomia do estômago retirando parte do antro, corpo e fundo gástricos, sendo o último o principal responsável pela produção da GRELINA, hormônio indutor da fome. Isso faz com que os efeitos hormonais permitam ao paciente perda ponderal, diminuição da resistência insulínica e controle das comorbidades.
É eficaz no controle da hipertensão, doenças dos lipídeos (colesterol e triglicérides), esteatose hepática, apnéia do sono, aumentando também a sensibilidade dos receptores teciduais à insulina, entre outros efeitos benéficos.
Além da redução da grelina, estudos de cintilografia gástrica de esvaziamento apontam que o alimento passa mais rápido para o intestino, o que proporciona efeitos hormonais similares ao bypass gástrico, com perdas ponderais equiparáveis principalmente em IMCs menores e com índice de complicações menor. Isso fez com que essa técnica ganhasse muito destaque nas últimas décadas, sendo a mais utilizada em diversos países como Estados Unidos, por exemplo.
BYPASS OU SLEEVE: QUAL A MELHOR TÉCNICA?
A escolha entre o Bypass Gástrico e o Sleeve é feita em geral após avaliação de diferentes aspectos do paciente. Não existe uma técnica melhor. Existe, sim, a melhor técnica para cada paciente, indicada após avaliação por equipe multidisciplinar certificada pela SBCBM. Somente após toda a análise, o médico decidirá pela técnica que seja mais adequada para o paciente.
A propósito, recente estudo publicado, on-line, no periódico JAMA Surgery, em 15 de janeiro de 2020, até o momento, a maioria dos dados de resultados em longo prazo concentrou-se no bypass gástrico em Y de Roux (RYGB), mas a gastrectomia vertical (SG) é atualmente a operação cirúrgica bariátrica mais comum nos Estados Unidos.
A pesquisa não sugere que o Sleeve (Gastrectomia Vertical) é tão seguro ou mais seguro que o bypass gástrico em Y de Roux, mas aponta como uma técnica eficaz em pacientes com IMC mais baixo e com menos comorbidades.
O foco da pesquisa, independente da técnica cirúrgica, é basicamente sobre o quanto as barreiras à cirurgia precisam ser reduzidas. É premente uma maior acessibilidade ao procedimento para a população elegível.
Fontes: SBCBM, IFSO, ASMBS