A Endocrinologia é a especialidade que estuda as glândulas endócrinas e os hormônios por elas produzidos, as alterações metabólicas e os distúrbios recorrentes da deficiência ou excesso hormonal. As principais áreas de atuação incluem diabetes, obesidade, doenças da tireoide, dislipidemias, síndrome dos ovários policísticos, osteoporose, distúrbios da puberdade e crescimento e doenças da hipófise e glândulas adrenais. Enfatizaremos hoje sobre o papel do endocrinologista na Obesidade.
Obesidade: causas, diagnóstico e doenças associadas
A obesidade é uma doença crônica, complexa e altamente prevalente, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. Para o diagnóstico em adultos, o parâmetro utilizado mais comumente é o do índice de massa corporal (IMC), calculado dividindo-se o peso do paciente pela sua altura, em metros, elevada ao quadrado. É o padrão utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que identifica o peso normal quando o resultado do cálculo do IMC está entre 18,5 e 24,9. Um IMC ≥ 25 kg/m2 caracteriza sobrepeso e um IMC ≥ 30 kg/m2 define obesidade. A obesidade, por sua vez, é classificada em grau I, com IMC de 30-34,9, grau II com IMC de 35-39,9 e grau III quando o IMC é ≥ 40 kg/m2.
A obesidade traz um risco maior de desenvolvimento de uma série de doenças, dentre as quais, hipertensão arterial sistêmica, arritmias cardíacas, apnéia do sono, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, diabetes mellitus, fígado gorduroso, doenças articulares, e alguns tipos de cânceres, como próstata, mama, rim, endométrio, intestino.
É uma doença multifatorial, causada por uma complexa interação entre predisposição genética, fatores ambientais e comportamento humano, com a adoção de uma dieta hipercalórica associada ao sedentarismo. A ingestão alimentar está ligada ao sistema básico de manutenção da vida, no qual o equilíbrio energético depende da interação de diversos sinais hormonais, que são processados no hipotálamo, o centro cerebral responsável por regular a fome e a saciedade. Na obesidade, sabe-se que a inflamação do hipotálamo, associado à desregulação desses mecanismos hormonais, dificulta o processo de perda de peso e favorece o reganho. Sendo assim, a abordagem por uma equipe multidisciplinar é fundamental para o seu tratamento.
O papel do endocrinologista na Obesidade
É papel do médico endocrinologista reforçar estratégias de prevenção, controle e tratamento da obesidade, destacando uma alimentação adequada, sob orientação nutricional, a prática regular de atividade física, e indicando tratamento medicamentoso para os casos de sobrepeso com doenças associadas, e obesidade. Além disso, é responsável por diagnosticar e tratar os problemas de saúde decorrentes do excesso de peso, como diabetes, alterações do colesterol, fígado gorduroso, bem como, identificar alterações hormonais que contribuam ou sejam decorrentes do ganho de peso.
Na avaliação inicial de um paciente obeso, uma anamnese bem feita, aliada ao exame físico detalhado e avaliação de exames, permite a identificação dos fatores desencadeantes do ganho de peso, de comorbidades associadas, do histórico familiar e do padrão alimentar, que norteia a escolha do tratamento. Outro importante papel do endocrinologista é indicar a cirurgia bariátrica para os pacientes com obesidade grau II, com doenças associadas, ou obesidade grau III, que não tiveram sucesso com o tratamento baseado em mudanças do estilo de vida e medicações, por pelo menos, 2 anos.
Após a cirurgia bariátrica, o acompanhamento com o endocrinologista continua, e sua avaliação, junto com a equipe multidisciplinar, permite o acompanhamento da perda de peso, identificação precoce de reganho, prevenção e tratamento de deficiências nutricionais e da perda óssea. O seguimento a longo prazo garante o bom resultado pós operatório.
Autor: Dra. Patrícia Mousinho
CRM 4519/PI – Clinica Médica / Endocrinologia e Metabologia