A contemporaneidade se apresenta com algumas mudanças no comportamento humano e hoje já se sabe que o excesso de peso é determinado por fatores ambientais, socioeconômicos, culturais, genéticos, metabólicos e psíquicos. Portanto, a obesidade não se trata de um distúrbio relacionado somente a maus hábitos e pouca determinação do indivíduo, mas da relação do indivíduo com meio em que vive.

A nutrição integra à equipe multidisciplinar no tratamento da obesidade com atuação
fundamental para estudar o consumo alimentar, esclarecer associações entre dieta e doenças, e traçar um plano alimentar de perda/manutenção de peso.

NUTRIÇÃO CLÍNICA E PREVENÇÃO DE OBESIDADE

Na prática clínica, o nutricionista deverá demonstrar interesse em todos os aspectos
relacionados à alimentação do paciente. Deverá desvendar os fatores ambientais e
antecedentes genéticos que representam tendência à obesidade. Sem omitir a
responsabilidade do paciente no tratamento, é preciso estabelecer relação de cumplicidade e parceria, visando atingir os objetivos propostos. A eficiência da intervenção depende do entendimento dos diversos aspectos determinantes da obesidade e da complexidade do tratamento, principalmente no que se refere à adesão do paciente ao plano alimentar.

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL

A avaliação do estado nutricional é fundamental para a identificação daqueles pacientes sob risco nutricional. Inicialmente, deve-se buscar na história clínica as informações acerca do diagnóstico e intercorrências clínicas, que podem afetar o estado nutricional do paciente ou serem consequências dele. Em seguida, buscam-se evidências objetivas deste estado nutricional (antropometria, avaliação clínica e dados bioquímicos), além das intervenções terapêuticas com interações nutricionais e, finalmente, a descrição do padrão alimentar ou o tipo de dieta que o paciente está ingerindo no momento da avaliação.

Outros aspectos relacionados que deverão ser verificados incluem:
• Capacidade física para ingestão de alimentos;
• História dietética anterior ou modificações realizadas;
• Mudanças ponderais recentes;
• Intolerâncias alimentares;
• Possível interação droga-nutriente;
• Presença de transtornos alimentares.
• Outras alterações, como dispepsia, constipação intestinal, etc.

O objetivo racional da intervenção dietética é reduzir a gordura corporal para uma condição que seja acompanhada de melhora no estado de saúde ou consistente com a redução dos riscos de complicações.

As metas individuais deverão ser baseadas em indicadores fisiologicamente importantes, como glicose plasmática, lípides e pressão arterial.

O planejamento se baseia também no estabelecimento de hábitos e práticas relacionados à escolha dos alimentos, comportamentos alimentares e adequação do gasto energético (atividade física) que deverão ser incorporados a longo prazo, para manutenção da perda de peso.

CIRURGIA BARIÁTRICA E NUTRIÇÃO

Decidida a cirurgia bariátrica, é importante o auxilio de uma equipe interdisciplinar ao seu lado por boa parte do tratamento. O nutricionista faz parte desta equipe, e é peça fundamental para que o paciente não tenha seu resultado comprometido.

O acompanhamento do nutricionista pode ser dividido em três etapas:

PRÉ-OPERATÓRIO

Nesta fase, tem importante papel de esclarecer ao paciente como será a evolução de sua dieta após a cirurgia, de forma a prepará-lo para as mudanças e dificuldades naturais decorrentes do procedimento cirúrgico. Ele prepara o paciente para a cirurgia bariátrica, reduzindo o peso quando necessário e melhorando o perfil lipídico e glicêmico, além de proporcionar um bom aporte nutricional para detoxificação hepática e recuperação dos hepatócitos (células encontradas no fígado, capazes de sintetizar proteínas).

PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO À CIRURGIA BARIÁTRICA

Nesta etapa, acompanha a evolução dietética com objetivo de recuperar e otimizar a
cicatrização pós-operatória, garantindo o aporte de vitaminas, minerais e proteínas. São
avaliados vários aspectos como a evolução da perda de peso, sintomas gastrointestinais,
dificuldades em relação às novas escolhas alimentares e exames bioquímicos e feita a análise corporal. O desafio é fazer o paciente se adaptar à nova forma de se alimentar, trabalhando com a mastigação.

PÓS-OPERATÓRIO TARDIO

O objetivo é o de melhorar hábitos alimentares, incluindo novos alimentos que antes eram restritos para dar suporte à melhora da performance e ganho de massa muscular. Nesta fase, também é feita a verificação de horários da alimentação para aperfeiçoar a absorção de suplementos e é realizada a observação da interação medicamentosa e alimentar. Assim, pode ser verificada a necessidade de reduzir a carga glicêmica da dieta para proporcionar melhor perda de peso e manutenção, evitando o reganho de peso.