Em evento em Paris, na França, dirigentes da ONU celebraram neste mês (22) o papel central dos chefs de cozinha na promoção de uma alimentação mais nutritiva e culturalmente diversa. As Nações Unidas lançaram a publicação Chefs como agentes da mudança, que ressalta o poder da gastronomia em integrar as dimensões de saúde, sociais, culturais e ambientais da alimentação.

“Temos que educar e inspirar as pessoas a adotarem dietas saudáveis”, afirmou na capital francesa o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), José Graziano da Silva.

“A gastronomia é cada vez mais uma área de grande interesse e os chefs são atores que podem moldar a opinião pública e influenciar os consumidores.”

Também presente, a diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Audrey Azoulay, ressaltou que “a comida é, desde os primórdios do tempo, uma dimensão essencial das trocas humanas, uma grande atividade econômica e a fundação da organização das sociedades”.

“Esse legado é transmitido de geração em geração e é compartilhado à medida que as comunidades se encontram. Ela aumenta, no nível de uma sociedade, a curiosidade intercultural entre os países”, acrescentou a dirigente da agência.

Um número crescente de chefs está promovendo pratos e ingredientes ligados ao território e à cultura local. Muitos desses mestres-cucas também incentivam o consumo de alimentos frescos. Outros têm se engajado com o movimento global que pede a redução do desperdício de alimentos, seja por ações em seus próprios restaurantes, seja por estratégias de conscientização e capacitação das comunidades.

A UNESCO e a FAO consideram que os chefs são atores importantes na luta contra a fome e a desnutrição, além de desempenhar um papel fundamental na mobilização dos indivíduos por uma produção mais sustentável de alimentos.

Gastrônomos também conseguem difundir hábitos alimentares mais nutritivos. Dietas não saudáveis ​​são a causa mais significativa da pandemia global de obesidade. Estima-se que mais de 2 bilhões de pessoas estejam acima do peso, incluindo cerca de 670 milhões de pessoas obesas. O número de obesos no mundo pode em breve ultrapassar o de pessoas subnutridas, que atualmente é estimado em 821 milhões.

“Com a obesidade em ascensão, nossos sistemas alimentares devem deixar de (apenas) oferecer alimentos às pessoas para nutri-las com alimentos saudáveis ​​e nutritivos. Tudo isso é importante para a transformação de que precisamos em nossos sistemas alimentares”, completou Graziano.

Durante o encontro em Paris, Didier Guillaume, ministro francês da Agricultura e Alimentação, enfatizou a importância das políticas alimentares nacionais baseadas em uma abordagem que seja positiva para a nutrição. O representante do Estado francês também defendeu que essas estratégias levem em conta a dimensão educacional, social e cultural dos alimentos.

Representantes da academia, sociedade civil, setor agrícola e gastronomia também participaram do encontro na capital da França, discutindo os vínculos entre culinária e educação e como elas podem ser usadas para combater a obesidade e as perdas de alimentos.

FAO e UNESCO

Governos que recebem assistência da FAO, UNESCO e outros parceiros estão trabalhando para preservar o patrimônio comum associado aos sistemas alimentares por meio de iniciativas como os Sistemas Globais de Patrimônio Agrícola Importante e o Patrimônio Cultural Imaterial. Essas iniciativas buscam preservar as tradições agrícolas e culinárias que contribuem para dietas sustentáveis ​​e saudáveis, como a tradição culinária Washoku do Japão, a dieta mediterrânea e a tradicional culinária mexicana.

A FAO e a UNESCO também estão trabalhando em estratégias para reforçar a educação alimentar e nutricional nas escolas em diferentes partes do mundo.

Fonte: //nacoesunidas.org

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